Cercado de muita expectativa desde sua concepção, durante todo o ano de 2014 e quase todo de 2015, chega às lojas de todo o Brasil, o novo álbum da cantora Cassiane Eternamente.

O disco é uma da grandes apostas da gravadora MK Music para o final deste ano, seu regresso à MK foi um dos grandes destaques que impulsionou as redes sociais e a mídia especializada nos últimos meses. O destaque em questão se deu devido à grande batalha judicial travada entre a cantora e a MK Music em 2008, tendo um fim somente um ano depois quando Cassiane aceitou retornar à gravadora e entregar um último disco. Disco que recebeu o título de Tempo de Excelência, mas ficou um bom tempo engavetado na casa que resolver lançá-lo de no formato digital em 2013. Neste intervalo a cantora passou pelo período sombrio na major Sony Music, gravadora que lançou 3 discos, são eles: Viva, Ao Som dos Louvores e Um Espetáculo de Adoração, que foram os mais inexpressivos em repercussão desde sua consagração nacional através do disco Sem Palavras (1996).

Assista o clipe do primeiro single Minha Essência.

Com esse retorno, Cassiane busca recuperar o tempo perdido. Além de Eternamente, o segundo volume do CD Cassiane canta hinos de Harpa já está sendo distribuído pela MK e em 2016 já foi anunciado a tão esperada edição física do Tempo de Excelência além de projetos com a dupla Cassiane e Jairinho e o relançamento do disco Faça a Diferença (2007) que foi o disco responsável por toda a batalha judicial em 2008.

Existe um provérbio popular que diz que quem é Rei, nunca perde a majestade. Assim podemos definir a Cassiane. Gostem ou não uma coisa que admiradores e não admiradores reconhecem – e contra fatos não há argumentos – é que Cassiane chegou a um patamar que até então nenhum outro artista gospel tinha chegado. Com o seu multiplatinado disco épico Com Muito Louvor (1999), se tornou a primeira artista solo no mercado cristão a bater a marca de 1 milhão de cópias vendidas além de ter emplacado todas as músicas do disco como single/ hit. Esse passado estrondoso sustenta a cantora no imaginário cristão e a faz disputada por gravadoras, e mesmo depois desse período inexpressivo na Sony, muita expectativa foi gerada em torno de Eternamente.

As grandes produções pentecostais são caracterizadas por alguns aspectos como o uso excessivo de orquestra, o uso de muitos backing vocals que ficam quase no plano da voz principal, mas parece que Jairinho Manhães, produtor e marido de Cassiane, está decidido a dar uma nova cara à música pentecostal, desde o disco Sementes da Fé (2006) vem tentando se comunicar com o público uma linguagem musical mais orgânica que se repete nesse disco de uma forma mais madura. Em Eternamente, Jairinho evidencia bateria, contra-baixo e teclado, usa e abusa de modulações de tom – Das 14 faixas, em 9 ele utiliza o recurso – abaixou o volume dos backing vocals, reveza as orquestras entre metais e cordas em canções específicas, traz umas linhas de guitarra mais modernas e deixa em evidência a voz de Cassiane, que ainda mostra ótima forma vocal resultado de um bom acompanhamento fonoaudiólogo.

Confiram o preview do álbum liberado pela MK Music.

No repertório destacamos as pop-pentecostal: Minha Essência, composição de Tony Ricardo, que apesar de ter uma melodia e letra que remetem a inúmeras outras músicas do mesmo estilo, a produção ficou caprichada com orquestra de cordas e um solo surpresa de guitarra no instrumental que abre a ponte da música, Pra Casa eu Vou de Rogério Jr. promete ser o grande destaque do álbum entre os conjuntos de música das Igrejas Pentecostais que ganhou delay de guitarra que deixou a faixa criativa. Temos aquelas faixas mais voltadas para os momentos de adoração com a igreja como a faixa título Eternamente, composta pelo artista brasileiro que atua no mercado latino Marcos Brunnet – última faixa a ser incluída no repertorio, apesar de ser simples carrega uma atmosfera muito especial capturada pela interpretação visceral de Cassiane, Meu Ar de Tony Ricardo emociona e exalta à Soberania de Cristo Jesus que tem um arranjo bem progressivo sendo uma das mais bonitas do disco, Tempo e Sacrifício de Anderson Freire traz pela primeira vez Cassiane gravando um pop congregacional e a reflexiva A Carta outra composição de Anderson Freire para a cantora, a música fala sobre sermos a Carta de Deus para o mundo.

Eternamente mostra que sim, a realeza da música pentecostal voltou para o palácio, mas ainda não sabemos se vai se sentar no trono. Apesar de toda dedicação que Cassiane e Jairinho dispensaram ao disco ele soa um pouco irregular. Talvez todo o processo que eles enfrentaram ao longo desses anos tenha atrapalhado a produção dos discos, mas Eternamente soa como um recomeço para o casal. Tem uma boa sonoridade, apesar da voz alta da cantora incomodar em alguns momentos, tem boas músicas apesar do repertório ainda não estar totalmente coeso, e tem bons arranjos apesar do uso excessivo da modulação de tom.

Para a MK MUSIC Cassiane já voltou! Como grande artista expressiva que sempre foi, para o mercado, ela está voltando!

Análise feita por Philipe Daniel


cassiane_eternamenteSelo: MK Music
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Playlist: Minha Essência | Eternamente | Submisso | A oferta sou eu | A carta | Pra casa eu vou | A muralha | Tempo e Sacrifício | Gigantes | Meu ar | Vai dando glória | Sangue do Cordeiro | Mostra-me Tua glória | Tome Posse

Uma resposta

  1. Gostei muito da sua análise, está excelente, mas discordo em algumas coisas lógico hehehehe, como consumidor dos albuns de Cassiane desde 2000, sobre as canções concordo em tudo, sobre a produção e sobre a falta de coerencia no repertório, ja eu achei o back muito estranho, muito irregular, em muitos trechos de algumas canções nem se ouve a voz de cassiane, só escuta o back e a voz da cantora de fundo, nos últimos trabalhos o que sempre me incomodava quando comparava com os trabalhos de outros cantores gospel e até seculares, é que a voz de cassiane sempre ficava mais alta que o instrumental, na minha opinião, o jairinho ou quem é responsável por isso dosou bem voce consegue curtir a melodia da canção, o baixo, as cordas, e uma coisa que não sei se perceberam, mas que era uma reclamação dos fãs era a respiração da cantora muito evidente nas gravações de uma frase pra outra, nesse CD Eternamente vc não escuta 1 respiração da Cassiane, pensei que tava louco, ouvi todas as faixas, comparei com o anterior, e vi que era verdade. E concordo plenamente quando diz se tratar de um recomeço, pois eu esperava mais por ser um album inédito depois de 4 anos e de retorno a toda poderosa MK Music, mas é justificável porque esse CD é praticamente uma distribuição da gravadora, não foi gerado no seu seio, porque querendo ou não sabemos que a “chefona” tem suas influências as produções dos seus cantores, tanto que quando Cassiane estava em negociação pra voltar ocorreram as primeiras mudanças de repertório.

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