Quinze anos atrás, o então jovem Jeremy Camp foi apresentado ao público que passou por uma perda trágica da sua primeira esposa em uma luta contra o câncer. Suas canções refletiam esse momento e toda a dor e esperança foram impressos em seu álbum de estreia Stay (2002). Suas letras e o fervor com que ele cantou ressoavam com uma simplicidade de uma pessoa que sofreu, lutou, foi no profundo, mas passou por essa, e veio cheio de citações sobre a graça e a misericórdia de Deus.

Ao longo dos anos, a paixão e a vulnerabilidade em sua voz e composições declinaram e sua musicalidade tornou-se um tão previsível, como podemos conferir no álbum Reckless (2013). Mesmo levando ouro em alguns álbuns, seus projetos ao vivo, música numero um em rádios, nomeações ao Grammy, com uma carreira bem sólida, no novo álbum I Will Follow (2015) coloca o cantor no mesmo problema do álbum anterior, com os mesmos problemas criativos. Há poucas coisas a se fazer dentro da música cristã que ele ainda não tenha feito, e ele fez tudo muito bem dentro do que se propôs.

Jeremy co-escreveu todas as faixas de I Will Follow, o novo projeto do cantor, junto com nomes como Seth Mosley (Newsboys), Jason Ingram, Matthew West e produção musical de Seth Mosley. As letras falam sobre continuar seguindo o caminho que Deus planejou para nós, não importa quão inesperado ou desconfortável seja. O álbum vem cheio de intenções no rock, uma boa energia positiva e otimista, com novos sons que fazem cada música ter seu momento agradável.

O primeiro problema do projeto é que muitas das letras são seguras e unidimensionais. Por exemplo, em We Are The Dreamers, várias palavras clichês sem relação nenhuma com a proposta fazem parte do refrão: “Nós somos os sonhadores, todas as coisas são possíveis/ Você é Redentor, Você está fazendo milagres/ Nos levantemos, nos erguemos, e proclamamos o nome de Jesus”. O segundo problema é que a maioria das músicas repetem o título da faixa mais vezes do que o necessário (por exemplo, Only In You repete a frase 19 vezes). Embora a repetição pode ser usada artisticamente, em casos como este, ele soou mais como falta de criatividade do artista em compor uma canção com um conteúdo mais profundo.

Isso não quer dizer que todas as letras seguiram essa tendência. Há alguns momentos interessantes no álbum, como o adorável Here I Am, a encorajadora e single de estreia que levou a música pela América toda He Knows, que alcançou sucesso nas rádios importantes e um feedback positivo desde que foi lançada, música que impactou corações com sua reconfortante mensagem de verdade. Além disso, Camp canta com muito mais emoção e convicção do que em Reckless ou We Cry Out, que ajuda a compensar algumas das letras fracas. Isto é evidente a partir da primeira canção, Living Word, onde embala muito entusiasmo em suas palavras, abre com o um som revigorante e amamos isso que ele traz em projetos anteriores, revisitando suas raízes no rock: “Está vivo em mim/ A respiração que eu respiro/ Eu estou segurando com tudo que eu tenho/ Pela palavra viva, a palavra viva de Deus”. Ele ainda tenta acertar em alguns falsetes no refrão de Finally Home, que funciona surpreendentemente bem para sua voz.

Do ponto de vista musical, existem várias canções que seguem um formato similar entre si, incluindo Christ In Me, Till The End e We Are The Dreamers. Essas músicas apresentam um coro memorável acompanhado de grandes tambores, uma quantidade que soa exaustivo de “oh-oh/ hey”, e vocais que misturam com o restante da música. Evidentemente, muitas dessas faixas são realmente cativantes. Há algumas canções que se destacam, como a faixa sulista e com o peso do rock, a alegre Finally Home e Can not Be Moved, mas mesmo essas faixas têm uma estrutura de canção sem uma preocupação lírica e profunda. Outros pontos brilhantes musicais que não se destacam tanto, mas estão lá é a batida em Here I Am e a guitarra acústica em Only In You.

A edição de luxo, que é a versão que a Canzion Brasil trouxe para nós, oferece três faixas como um lado B e duas interpretações acústicas. Spirit Now que clama com o coração por mais da presença de Deus e Perfect Love traz verdades bíblicas apresenta uma canção com letra e melodia bem emocional, você se envolve do início ao fim com essa atitude de louvor. Elas se encaixam perfeitamente com o resto do álbum e trazem o que ele gosta de fazer, que é aquele lance mais worship, agradáveis de ouvir. Completando vem a melhor das três que é Be Still, tem uma abordagem mais lenta do que o restante do álbum. As duas faixas acústicas são exatamente o que se poderia esperar: a mesma canção exata do original com um violão, instrumentos mais suaves e vocais dominantes.

Jeremy Camp tem um grande coração e uma das vozes mais fortes no mercado fonográfico americano cristão, este projeto contou com um grande apoio de sua banda na produção de cada música, mesmo que as letras não tragam aquele brilho que ele sempre imprime em seus projeto, este está mais comum que os demais e não teve nada de tão diferente, o que deixou o álbum arrastado. Isso não quer dizer que é um álbum ruim – nos seus momentos mais fracos mesmo assim o álbum se mantém na média e nos seus melhores momentos se torna agradável. I Will Follow só deve ser empolgante ao extremo por aqueles que realmente tem um caso de amor com o cantor.


Selo: Canzion Brasil
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Playlist: Living Word | I Will Follow (You Are With Me) | He Knows | Finally Home | Christ In Me | ‘Til The End | Can’t Be Moved | Only In You | Same Power | We Are The Dreamers | Here I Am | Spirit Now (Deluxe Edition) | Be Still (Deluxe Edition) | Perfect Love (Deluxe Edition) | He Knows (Acoustic) (Deluxe Edition) | Here I Am (Acoustic) (Deluxe Edition)

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