Desde o lançamento do popular livro de ficção The Shack (A Cabana) em 2007, do autor canadense William P. Young, até aos dias de hoje, já se passaram mais de dez milhões de cópias vendidas. Uma versão em filme era inevitável, só não se sabia quando, como e com quem seria transformado em filme. O resultado saiu há poucos dias com a chegada nas telas de cinema com a adaptação cinematográfica de Stuart Hazeldine, procurando ser bem fiel ao livro, em um único final de semana já somou 16 milhões de dólares arrecadados.

A Cabana conta a história de um homem, Mackenzie (Sam Worthington), que sofre a perda de sua filha mais nova que foi sequestrada e assassinada, Missy (Amélie Eve), enquanto estava em uma viagem de acampamento em família. Os investigadores encontraram a cena do crime, porém o corpo da menina nunca foi recuperado. A fase em que se encontrou em total tristeza sobre a morte de sua filha, Mackenzie recebe um bilhete em sua caixa postal convidando-o a fazer uma visita durante o fim de semana à cabana onde Missy foi assassinada no deserto de Oregon, e ali passa a encontrar as representações da Trindade, tendo então respostas para suas questões espirituais. O bilhete é assinada por Papa – sua esposa, Nan (Radha Mitchell), apelido dado por Deus.

Poderia realmente ser Deus? Poderia ser o assassino tentando atrair Mackenzie para a cena do crime? É apenas uma piada doentia?

Apesar de ser atingido por uma tempestade de neve, Mackenzie pega “emprestado” o caminhão do seu vizinho (Tim McGraw) e dirige para a cabana. Inicialmente ele não encontra nada lá, exceto vestígios do assassinato de sua filha, o que o deixa muito perturbado.

Depois de quase tentar o suicídio, ele tem uma interação com Deus. O que se segue é o aconselhamento pessoal de Deus para com Mackenzie em lidar com a morte de sua filha, o problema do mal e sua própria infância conturbada, que inclui abuso de seu pai (Derek Hamilton).

Tudo isso acontece em uma espécie de bolha, onde a cabana em ruínas, coberta de neve, é transformada em um paraíso de verão, com um lago idílico, edredons e refeições caseiras servidas pelo próprio Deus.

Então aí começa a polêmica…

Representar Deus nos filmes não é algo novo. Em 1977, o comediante George Burns interpretou Deus em “Oh, Deus!”, E mais recentemente Morgan Freeman retratou Deus em Bruce Almighty (2003) e Evan Almighty (2007).

Nesses filmes, Deus é um personagem cômico e que traz muitas gargalhadas por toda a sua inteligência e superioridade quanto o ser humano, mas em A Cabana, o personagem Deus é uma representação fiel da Santíssima Trindade?

No livro e no filme, Mackenzie interage com uma representação física de Deus Pai – uma mulher negra sábia / sabedoria feliz por ser chamada Papa (Octavia Spencer). Ele também interage com uma mulher asiática sensível e jardineira, Sarayu, e por fim o que se destina a ser o Espírito Santo (Sumire Matsubara).

O que os espectadores vêem em A Cabana não é a Santíssima Trindade encontrada como nas Escrituras: “Um Deus na Trindade e a Trindade em Unidade, sem confundir as pessoas nem dividir a substância”, como confessado na Bíblia.

A Cabana também não apresenta adequadamente a encarnação de Cristo como encontrado no Livro dos Apóstolos, onde Jesus é confessado pelos cristãos como sendo “concebido pelo Espírito Santo e nascido da Virgem Maria” e, portanto, por causa de Sua encarnação, é Distintamente diferente de Deus, o Pai e Espírito Santo.

Octavia Spencer é Deus
Octavia Spencer é Deus

Não é suficiente ter um Jesus, com precisão étnica, andando sobre as águas e trabalhando como marceneiro. Se Deus, o Pai e o Espírito Santo são representados incorretamente, isso afeta a Encarnação, e quando a apresentação da Encarnação está errada, mais problemas surgem.

Uma série de debates teológicos surgem por conta de ter trazer a representação humana de Deus através da interpretação da atriz Octavia Spencer, além de interpretações de Jesus e do Espírito Santo. Mas só lembrando aos nossos leitores, isso é uma estória, apenas, a adaptação de um best-seller que ganhou as telas de cinema em todo o mundo, somente um filme de ficção.

Enquanto A Cabana está tentando mostrar o quanto Deus se importa com o sofrimento de Mackenzie, o filme mina a Encarnação, que é como a Escritura nos ensina que Deus se preocupa com o sofrimento humano ao se tornar um de nós.

A Cabana, da maneira mais visual possível, implica fortemente que Mackenzie não está interagindo com um Deus que é três pessoas distintas, iguais em glória e coeternas em majestade dentro da Divindade, onde somente Cristo, por causa de Sua Encarnação, As feridas de Sua Crucificação como emblemas de Seu sacrifício (João 20: 19-31).

Durante os três dias em que Mack esteve na cabana, Deus – Jesus – Espírito Santo revelam Sua forma de maneiras que lhe permitam consertar seus relacionamentos com eles, aprender a perdoar e obter algum fechamento sobre a morte de Missy.

O encontro com o assassino de sua filha tem também um poder simbólico gigante, pois nesse momento você exercita como nunca a nobre arte de perdoar, o que em tese pode ser algo fácil, mas quando colocamos situações como esta, então nós percebemos o quão difícil pode ser.

A Cabana como uma adaptação da mensagem existente em um livro é uma boa experiência cinematográfica em mais de duas horas e faz você se sentir cada um desses minutos. Vale a pena ir ao cinema, e conferir o filme na telona.

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